Resenha do livro "Toda luz que não podemos ver"
Olá, pessoal!
Hoje farei a resenha do livro "Toda luz que não podemos ver", de Anthony Doerr. Esse foi um dos livros cujo epíteto de best-seller chamou minha atenção, principalmente quando o Obama o colocou na sua lista pessoal de livros para ler nas férias ( confira a lista aqui: http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,lista-de-livros-que-obama-lera-nas-ferias-inclui-relacoes-raciais-e-clima,1743626) . Confesso que não sou muito levada por essas coisas de best-seller, mas quando soube que o livro era ambientado na 2ª Guerra, fiquei ainda mais interessada.
O livro tem dois protagonistas: Marie-Laure e Werner, cujas histórias são narradas em capítulos intercalados. Quem gosta de ler a contracapa e a orelha já vai ficar sabendo logo de cara que os dois vão se encontrar em algum momento da narrativa. Confesso que essa expectativa foi a que regeu o meu anseio de leitura no começo do livro, pois o encontro deles já antecipava algo de inusitado, uma vez que Marie Laure estava em Paris e Werner na Alemanha, na véspera do início da Grande Guerra.
Marie-Laure mora com seu pai. Ele trabalha como o homem responsável por todos as chaves de um grande museu na cidade. A menina, por sua vez, acompanha a rotina de trabalho do pai e passa grande parte de seus dias no museu. Ainda criança, Marie-Laure fica cega e o pai faz de tudo para garantir sua independência, estimulando-a a entender o mundo mesmo sem vê-lo. Para isso, ele constrói uma maquete do bairro onde moram e todos os dias a menina leva seus dedos a percorrer os edifícios em miniatura.
Werner é um garoto que mora em uma cidade repleta de minas de exploração. Em um fatídico dia, ele e sua irmã Jutta perdem o pai em uma explosão e os dois são encaminhados para um orfanato. Lá ficam sob o cuidado de Frau Helena. Werner é um garoto encantado pelo mundo da física, mecânica e matemática. No dia que encontram um rádio quebrado na rua, Werner descobre uma habilidade para consertar esse equipamento e fica famoso em sua cidade.
Quando o anúncio de guerra começa a se aproximar, Werner e Marie-Laure mudam completamente de vida, deixando para trás tudo a que estavam acostumados. Os caminhos que ambos seguem não parecem indicar que um dia vão se encontrar, mas a expectativa ainda permanece, o que deixa o leitor voraz sem querer fazer qualquer coisa além de ler o livro.
Da perspectiva estrutural, os capítulos intercalados me incomodaram no começo, porque eles são muito curtos e é difícil se acostumar com as duas narrativas em paralelo. Além disso, os capítulos são divididos em partes, correspondentes aos anos que passam. Elas também acompanham uma dinâmica em que se intercalam o tempo presente e o dia fatídico no ano de 1945, em que a cidade de Saint-Malo é bombardeada. As progressões temporais do enredo com as interrupções para vislumbres do futuro culminam no tão esperado encontro dos personagens. Só no final é que dá para perceber o diálogo brilhante entre a forma do livro e seu enredo.
O diálogo entre a forma e o enredo também corrobora para exaltação da sensibilidade. O livro é, do começo ao fim, um retrato extremamente sensível de um dos episódios mais terríveis da história mundial. Existe uma cena surpreendente de assassinato de uma criança que mostra a rudez e violência da guerra, mas que evoca em Werner a expressão máxima do ser sensível que ele deixava esconder por baixo de sua farda. Essa cena é um exemplo de que a curta exploração de cada uma das cenas, em capítulos curtos, é proposital. Seu intuito é revelar como a guerra reduz a capacidade de se deixar sentir.
Essa brevidade resulta na sobreposição de sentimentos que é uma das grandes qualidades e diferenciais do livro. Uma horrível cena de assassinato pode vir acompanhada de culpa, ódio, arrependimento, mas também de amor e saudade.
Ao meu ver esse livro foi inovador, porque, apesar de eu já ter lido vários romances históricos que tratam de períodos de guerra, esse foi o que mais explorou os sofrimentos de estar na guerra e nela ter de lutar. Não é um livro que explora as perdas, ele explora o que é estar vivo no meio da guerra.
Para quem se interessou e quer comprar o livro:
No site lelivros.pro, você encontra o arquivo digital em vários formatos para download gratuito.
Link para download: https://lelivros.pro/book/toda-luz-que-nao-podemos-ver-anthony-doerr/
Para quem gosta do livro físico, o preço está em torno dos R$ 30 nas principais livrarias.
E... é assim que é o livro "Toda luz que não podemos ver".